sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Canhoto da Paraíba também fez sucesso na Tabajara

Esta foto de Canhoto da Paraíba, é de 1958, época em que ainda não tinha esse nome artístico. Canhoto foi um dos nomes da Rádio Tabajara no passado.

Em julho de 2005 O Governo Cássio Cunha Lima instituiu, no âmbito da Administração Pública Estadual, o Registro dos Mestres das Artes (REMA) “Canhoto da Paraíba”. A “Lei Canhoto da Paraíba” garante o benefício de dois salários mínimos mensais a artistas de reconhecido valor, cujo trabalho tenha contribuído ao longo dos anos para a formação do patrimônio cultural paraibano. A Lei de nº 7.694, ´é de 22 de dezembro de 2004.

Para se inscrever na Lei “Canhoto da Paraíba” é preciso que o artista, com atuação comprovada de no mínimo 20 anos, seja paraibano ou brasileiro residente na Paraíba há mais de 20 anos e esteja capacitado a transmitir seus conhecimentos ou técnicas a alunos, condição dispensada em caso de invalidez. Além de auxílio financeiro mensal, o beneficiado receberá o Diploma que lhe concede o título de Registros nos Mestres das Artes “Canhoto da Paraíba”.

Transcrevemos abaixo parte de um texto publicado pela Fundação Joaquim Nabuco.

Virgínia Barbosa
Bibliotecária da Fundação Joaquim Nabuco

 Canhoto da Paraíba

O músico e compositor Francisco Soares de Araújo, conhecido como Canhoto da Paraíba, nasceu de uma família de músicos – avô clarinetista, o pai tocava violão, os irmãos (nove) revezavam-se entre outros instrumentos – aos dezenove dias do mês de maio de 1928, na cidade de Princesa Isabel, sertão da Paraíba.

Canhoto da Paraíba é considerado por expoentes musicais brasileiros – Pixinguinha, Luperce Miranda, Dilermando Reis, Jacob do Bandolim, Radamés Gnatalli, Paulinho da Viola, entre outros – um violonista de primeira grandeza e esse reconhecimento deve-se ao seu talento e à sua técnica de tocar o violão num estilo contrário ao da escola de violão convencional: do lado esquerdo, sem precisar inverter as cordas. Aliás, ele adotou essa técnica quando tinha 12 anos. O instrumento era compartilhado com os irmãos e, por isso, ele não podia transformá-lo num violão que somente os canhotos pudessem dedilhar. Desta forma, observava seu pai tocando e ia aprendendo.

Sua trajetória musical iniciou-se em 1948, quando viajou para o Recife para participar de um programa na Rádio Clube de Pernambuco. Em 1953, assinou contrato com uma rádio da Paraíba. Nessa época, já havia formado um conjunto musical. Em 1958, mudou-se para o Recife e, no ano seguinte, numa excursão de músicos nordestinos, viajou para o Rio de Janeiro. Lá, ele participou de um sarau na famosa casa de Jacob do Bandolim, onde estava presente a nata do choro carioca. Canhoto da Paraíba tocou violão magistralmente e despertou o entusiasmo e a admiração de todos.

Autor de mais de 80 canções, Canhoto da Paraíba já se apresentou em shows com grandes nomes da música popular brasileira e gravou alguns discos:Único Amor (1968) e  Um violão direito nas mãos do Canhoto (1974), que saíram pelo selo da extinta  Rozemblit;  Canhoto da Paraíba com mais de mil (também conhecido como Violão brasileiro tocado pelo avesso) produzido por Paulinho da Viola para Discos Marcus Pereira; Fantasia nordestina volume dois(1990), produção independente de Geraldino Magalhães e Lula Queiroga;Pisando na brasa (1990), último trabalho solo, gravado pela Kuarup; e, em 1993, sai o CD Instrumental no CCBB: Canhoto da Paraíba e Zimbo Trio, pelo selo Tom Brasil.

Em 1998, Canhoto da Paraíba sofreu uma isquemia cerebral que paralisou o braço esquerdo e o impede de tocar até hoje. No mês de maio deste mesmo ano, sabedores do seu estado grave, em sua homenagem e para ajudá-lo a cobrir as despesas médicas e de tratamento intensivo, vários dos grandes nomes do chorinho e do samba realizaram um show beneficente no Teatro Guararapes, Recife.


Francisco Soares de Araújo, o Canhoto da Paraíba, foi um dos contemplados como Patrimônio Vivo de Pernambuco através da Lei estadual nº 12.196 de 2 de maio de 2002.Faleceu na cidade do Recife, no dia 24 de abril de 2008.
                                                                 


Fonte: BARBOSA, Virgínia. Canhoto da Paraíba. Pesquisa Escolar On-Line, Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Disponível em: <http://www.fundaj.gov.br>. Acesso em: dia  mês ano. Ex: 6 ago. 2009.


Nota deste blog: A foto de Canhoto da Paraíba, de 1958, é do arquivo de Josélio Carneiro, fornecida por Zé Pequeno, outro grande artista que pertenceu ao cast da PRI-4.

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