sábado, 25 de janeiro de 2014

Rádio Tabajara – patrimônio cultural dos paraibanos há 77 anos


Josélio Carneiro
Fotos: João Francisco

Esta reportagem está publicada no jornal A União deste 25 de janeiro de 2014

A história do rádio na Paraíba começou aos 25 de janeiro de 1937 com a inauguração da Rádio Difusora do Estado - PRI-4, pelo governador Argemiro de Figueiredo. Meses depois, em abril daquele ano, numa homenagem aos índios Tabajara a emissora do governo recebeu o nome de Rádio Tabajara. Os 77 anos da antiga PRI-4 completados neste sábado (25) correspondem a 28.105 dias ou 924 meses no ar, com música de qualidade, jornalismo de credibilidade e transmissões esportivas no território paraibano, no Brasil e ainda direto de alguns países, na cobertura de Copas do Mundo de Futebol. Agora em 2014 a equipe nota dez da tabajara marcará presença nos jogos pelo Brasil afora. A Rádio Clube da Paraíba, emissora artesanal criada por um grupo de amigos, foi o embrião da Tabajara.

O secretário de Estado da Comunicação Institucional, Luís Tôrres, ressaltou a importância da emissora na construção da história da radiofonia paraibana. “Temos orgulho em compartilhar mais um aniversário da Tabajara, esse patrimônio não apenas da radiofonia, mas da história da Paraíba. A Tabajara será sempre a mãe de todas as rádios do nosso Estado”, enfatizou o secretário.

Nesses 77 anos a Rádio Tabajara já foi dirigida por mais de 40 pessoas sendo a atual superintendente Maria Eduarda Santos a primeira mulher a assumir o cargo. “Somos uma emissora pública e temos muito respeito ao povo paraibano. Nós temos muito cuidado com a informação, com a música que é tocada aqui e nossa pretensão é apresentar às pessoas música de qualidade, notícias com credibilidade, com coerência, e isto se faz com o respeito aos profissionais dessa emissora a quem tratamos como colaboradores. Me sinto feliz pelo êxito, pelo resultado desse novo tempo”, declarou Duda Santos.
Há décadas a rádio necessitava de um novo transmissor e o atual governo adquiriu e instalou o equipamento que resgatou a potência do sinal da rádio que agora pode ser ouvida, de novo, em quase todo o Estado.

Grandes nomes da Tabajara
Quem não se lembra do programa Show das 13? Criado e apresentado pelo ícone do rádio paraibano Carlos Antonio. Na última quarta-feira (22), a convite de Airton José, o radialista aposentado Carlos Antonio conversou alguns minutos no estúdio e os ouvintes puderam matar a saudade. O criador do Show das 13 iniciou na Tabajara em 1954. Ele afirmou que o programa não acabou. Nas ruas ou antigos ouvintes sempre perguntam pelo Show das 13.. A pedido de Airton, Carlos Antonio lembrou a famosa abertura de seu programa: “Dê licença a gente entrar em sua casa com alegria contagiante do Show  das 13, o programa das 13 letras, com a emissora das 13 letras, o locutor das 13 letras, e agora uma música com o cantor das 13 letras, Roberto Carlos. E olha a hora 13h13”. Emocionado, Carlos Antonio ressaltou que sente saudades do programa mas apesar de receber convites não aceita voltar ao rádio pela idade e por conta de alguns probleminhas de saúde.
O radialista Airton José “Bolinha”, desembarcou na Tabajara no final dos anos 1970. Tem 66 anos de idade e 48 anos de rádio, sendo 44 na Tabajara. Apresenta hoje na AM 1.110 o programa Alegria Matinal. É carismático e sua marca é o programa Big Show do Bolinha, um sucesso na manhã dos domingos. “Pelo carinho dos ouvintes eu amo o rádio, estou aposentado e isto é uma terapia na minha vida. O nosso maior salário é a audiência, um beijo no coração dos ouvintes”, declarou.
Em termos de cobertura esportiva no rádio paraibano a Tabajara dispõe em seu time do decano Ivan Bezerra, nascido em Itabaiana, é conterrâneo do mestre Sivuca e no alto de seus mais de 80 anos de idade é personagem referência nos comentários esportivos no rádio brasileiro. Chegou à Tabajara como plantonista em 1952 na gestão do diretor Antonio Coutinho de Lucena. Portanto, é comentarista há 62 anos e o primeiro jogo que comentou foi Auto Esporte e Náutico. Ivan esteve presente no jogo dos 50 anos de idade de Pelé, partida realizada em Milão, Itália. “Eu sempre adotei uma linha de ter a minha opinião mas sem deixar de respeitar a opinião dos outros”, revela Ivan Bezerra. Outro veterano da equipe de esporte é o narrador Eudes Moacir Toscano.
O radialista e cantor Jadir Camargo, formado em Direito, ingressou na Tabajara no ano de 1970 e hoje apresenta o noticiário Informativo Tabajara além de produzir e apresentar os programas musicais Bom Dia Saudade e Clássicos da Tabajara. Esta semana, em entrevista concedida à radialista Josy Aquino, na própria emissora, Jadir confessou que o fato que mais marcou sua carreira no rádio foi a chegada da informática. “Na Tabajara eu comecei fazendo testes, o tempo passou e o surgimento do computador no rádio foi marcante pra mim”, declarou. Jadir Camargo é um profissional que tem muito carinho e respeito pelo ouvinte e acrescentou: “a Tabajara é minha segunda casa, amo o que faço aqui”.

Com apenas quatro anos de idade Ana Paula cantou no programa Matinal do Guri, comandado por Gilberto Patrício. Um dia tornou-se uma grande radialista dona de um  das mais belas vozes do rádio paraibano. “No rádio fiz grandes amigos: Paschoal Carrilho, Antonio Assunção, Paulo Rosendo, Geraldo Cavalcanti e tantos outros. A Rádio Tabajara foi uma escola na minha vida. Foi através do microfone que construí com muita dignidade minha família”.
Diversos locutores da Tabajara estão em outra dimensão. Foram gigantes no rádio paraibano e deixaram suas marcas: Paschoal Carrilho, Gilberto Patrício, Geraldo Cavalcanti, Jacy e Jonildo Cavalcanti, Polari Filho, Paulo Rosendo, Ivan de Brito, Antonio Assunção, Ernane Norat, Lula Rodrigues, Spencer Hartman, Marconi Altamirando, Ivan Tomáz, e tantos outros.
A Tabajara AM 1.110 kw é uma das 100 emissoras de rádio mais antigas do Brasil. A atual sede no Corredor Pedro II foi inaugurada em 1985 no governo Wilson Braga. A primeira  sede teve sua construção concluída em 1937 no governo Argemiro Figueiredo.

Na chamada época de ouro do rádio (1940, 1950 e 1960) muitos artistas da música brasileira e internacional se apresentaram nos programas da Tabajara, a exemplo de Luiz Gonzaga, Ângela Maria, Nelson Gonçalves, Sivuca, Jackson do Pandeiro, Orquestra Tabajara, Cauby Peixoto, Bievenido Granda.  Criada em 1933 a Orquestra Tabajara atuou na emissora até o início da década de 1940.

Esporte - Nas transmissões esportivas a Tabajara AM é a mais ouvida no estado. Sua equipe  de narradores, repórteres e comentaristas já transmitiu várias Copas do Mundo. O esporte é o carro-chefe da AM. Ivan Bezerra, comentarista esportivo, é o mais antigo da equipe nota 10.

Jornalismo - o Jornal Estadual, levado ao ar das 6h às 7h em rede de rádio e o Informativo Tabajara são marcas registradas do radiojornalismo paraibano há mais de 45 anos. Por mais de 20 anos o jornalista Nakamura Black foi redator e editor desse noticiário.
Depoimentos - “Comecei no rádio fazendo locução comercial em programas de auditório. Fui aprovado em testes aplicados por Biu Ramos, Paulo Pontes e Linduarte Noronha. A Tabajara chegou a ser ouvida em quase todo o país através das Ondas Tropicais”. Geraldo Cavalcanti, locutor, falecido.

Durante 30 anos fui titular do programa De Repente a Viola, na Rádio Tabajara. Muito tempo fazendo dupla com meu irmão Dimas. Comecei a cantar a convite do diretor da emissora Antonio Coutinho de Lucena. Otacílio Batista, poeta repentista., já falecido. 
A Tabajara foi régua e compasso de tudo de bom que aprendi a fazer na vida. Na Tabajara de Adalberto Barreto e Biu, e ainda Paulo Pontes, e depois Paulo Maroja, isto é, na Tabajara do meu aprendizado, havia e se fazia  de tudo, o laboratório era permanente”. Ipojuca Pontes, ex-ministro da Cultura.

Escola do rádio - Especialistas afirmam que se A União é a escola do jornalismo, a Tabajara é a escola do rádio paraibano. No ano de 1999 a Tabajara AM ganhou sua irmã, a Tabajara 105.5 FM. Os 77 anos da emissora oficial do estado correspondem a 28.105 dias no ar. O som do novo tempo toca a Paraíba e está no coração dos paraibanos rumo ao centenário.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Rádio Tabajara AM - 77 anos no ar, uma das mais antigas do país

Neste sábado 25 de janeiro de 2014 a emissora completa 77 anos


Memória do rádio, depoimentos de quem fez e faz a Tabajara AM

Depoimentos

Ipojuca Pontes – “A Tabajara foi régua e compasso de tudo de bom que aprendi a fazer na vida. Antes de ingressar nos quadros da Tabajara, pelas mãos de Adalberto Barreto e Biu Ramos, ouvia falar muito na Tabajara de Abelardo Jurema e Jorge Matos, diretores pregressos dos informativos sobre o front a 2ª Grande Guerra Mundial. Na Tabajara de Adalberto e Biu, e ainda Paulo Pontes, e depois Paulo Maroja, isto é, na Tabajara do meu aprendizado, havia e se fazia de tudo, o laboratório era permanente”. 

Jacy Cavalcanti – Um dos personagens mais criativos do rádio. Criou programas como: Carrossel de Diversões e A Discoteca do Ouvinte, o primeiro programa de rádio no Brasil a atender pedidos musicais ao vivo, por telefone. “O ouvinte pedia a música pelo telefone 1714 e a gente atendia na hora. Eu ficava conversando com o ouvinte enquanto o pessoal da produção localizava o disco, a música solicitada”.

Mércia Paiva – “Meu pai quando descobriu que eu tinha essa vocação, essa facilidade para tocar acordeon, ele quis mostrar o meu talento e o meio foi a Rádio Tabajara, que era um meio de comunicação de muita audiência, como é hoje a televisão”.

Marlene Freire – “Nasci em 1937, ao de fundação da Rádio Tabajara. Em 1945, aos oito anos, ingressei no cast da emissora depois de me apresentar em programa de calouro infantil realizado no Cine Metrópole. Paschoal Carrilho, que fez muito pelo rádio paraibano, selecionava talentos para a Tabajara”.

Otacílio Batista – “Durante 30 anos fui titular do programa De Repente a Viola, na Rádio Tabajara. Muito tempo fazendo dupla com meu irmão Dimas. Comecei a cantar a convite do diretor da emissora Antonio Coutinho de Lucena. Mas nunca fui funcionário da emissoa. Devo muito à Tabajara”.

Jorge Tavares – “Cantei nos microfones da Rádio Tabajara nos três primeiros anos de existência da emissora, de 1937 a 1939. Diziam que minha voz era semelhante a do famoso cantor Francisco Alves, por quem fui levado o Ceará e de quem recebi grande incentivo no Rio de Janeiro. Fui crooner da Orquestra Tabajara aqui e no Rio. Ao longo de 50 anos vividos no Rio de Janeiro fiz muitos amigos: Luiz Gonzaga, Moacyr Franco, Orlando Silva, Carlos Galhardo, Mário Lago, Francisco Alves e o meio irmão Chacrinha, o Abelardo Barbosa”.

Paschoal Carrilho – “A melhor época do rádio paraibano no governo do ministro José Américo de Almeida quando o diretor artístico da Rádio Tabajara era o jovem Antonio Coutinho de Lucena, irmão do senador Humberto Lucena”.

Geraldo Cavalcanti – “Comecei no rádio fazendo locução comercial em programas de auditório. Fui aprovado em testes aplicados por Biu Ramos, Paulo Pontes e Linduarte Noronha. A Tabajara chegou a ser ouvida em quase todo o país através das Ondas Tropicais. Aos domingos o governador José Américo era um dos frenquentadores dos programas de auditório”.

Humberto Lucena – “A Rádio Tabajara está gravada em minha memória e em meus mais profundos e positivos sentimentos. Não poderia deixar de expressar minha visão objetiva a respeito de sua enorme importância social, cultural, política e econômica para o Estado da Paraíba. Nos anos de 1404 e 1945 fiz parte do quadro de locutores da rádio”.

Ernani Norat – “Sempre trabalhei para o ouvinte, nunca para mim. Fazia e faço tudo em prol do ouvinte e da Tabajara. Valeu ter abraçado essa causa”.

Zé Pequeno – “Trabalhei na Tabajara até a grande decepção: a dispensa do cast de músicos e rádio-atores. Acabaram sem nenhuma necessidade. Faltou só criatividades dos diretores. Só a apresentação da Orquestra Tabajara, bem vendida, bem poduzida, sustentava o cast da emissora”.

Ivan Bezerra – “ Tabajara tem sido ao longo dos anos uma emissora popular, dando espaço à cultura, ao jornalismo, ao esporte e marcou época no período do rádio-teatro. 

Eudes Moacir Toscano – “O ano ea 1968. Depois de trabalhar na Arapuan e Caturité, chegava à Tabajara, trazido por Geraldo Cavalcante, que no velho prédio da Rodrigues de Aquino, comandava a equipe esportiva, sempre na vanguarda do rádio paraibano”.

Ana Paula – “Trabalhei na Tabajara com Polari Filho, Paschoal Carrilho e Jacy Cavalcanti. Apresentei programas com meu querido amigo Geraldo Cavalcante. Também trabalhei com Carlos Antonio, do Show das 13. No rádio fiz grandes amigos”.

Airton José – “Eu comecei na Tabajara no final dos anos 70, quando o governo Burity resolveu abrir a programação da emissora para o povão. Fiz noticiário com Paulo Rosendo, de quem eu era fã incondicional. 

Adalbeto Barreto – “Criei um radiojornalismo solto e atrevido que fazia ouvir desde o protesto dos camponeses de Sapé aos debates semanais dos grandes temas do momento”.

Nota: Estes são trechos de depoimentos que estão no livro Tabajara- 65 anos - a Rádio da Paraíba.

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Josy Aquino fala sobre carreira no rádio paraibano


A locutora Josy Aquino apresenta o programa A Tarde É Nossa, na Tabajara AM, de segunda a sexta-feira. Ela foi entrevistada no Jornal Estadual, pelo estudante de Jornalismo Daniel Lustosa, dentro da série de entrevistas especiais em comemoração aos 77 anos da Rádio Tabajara, que será comemorado no próximo sábado.
Josy falou sobre o começo da carreira, o trabalho na Rádio Tabajara e também sobre a relação com os ouvintes. “Devemos ter carisma e muito respeito por eles. Estamos ali pra passar coisas boas através da música e também de conversas diretas com os ouvintes. Isso aumenta a nossa responsabilidade. Para mim é tudo muito marcante!”, afirmou a locutora.

www.radiotabajara.pb.gov.br