Por Lourdinha Luna
Tivéssemos em 1952, um Chefe de Estado tímido, diante das dificuldades, teríamos perdido há 59 anos a Rádio Tabajara para iniciativa privada.
Antonio Pereira Diniz, deputado federal, por seu berço nativo - Alagoa Nova -, que é mãe, também, de Pedro Gondim e Gonzaga Rodrigues, chegou exausto a João Pessoa, em face de um vôo, até então, com várias escalas. Mesmo cansado foi direto ao Palácio da Redenção, para informar ao governador o que se passava nos bastidores da administração federal. Já estava para a publicação no DO à cessão da Rádio Tabajara ao Consórcio Diários Associados.
Era um fim de tarde. Os aviões com menos tempo para chegar ao Rio de Janeiro, partiam de Recife. O governador que nasceu e morreu pobre, não tinha dinheiro em mãos e o Tesouro estava fechado. Mas quem tem amigo “não morre sem vela”. Despachou Josmar Toscano (Oficial de Gabinete) para telefonar, da sede da própria Empresa de Telefonia, na ladeira Feliciano Coelho (Centro), em seu nome a Etelvino Lins, governador de Pernambuco solicitando adquirir para ele (José Américo) uma passagem no primeiro vôo com destino a capital república. Tomou por empréstimos alguns trocados na RADIO TABAJARA, dirigida por Antonio Lucena, pagos no seu regresso.
Aqui cabe uma digressão: a PRI-4 socorreu o Estado em suas crises financeiras, ou quando da insurgência de um extraordinário.
Etelvino Lins não apenas comprou o bilhete de ida e volta como foi, pessoalmente entregar ao colega de idéias afins, no aeroporto, tendo descartado o resgate, como um tributo de Pernambuco à Paraíba. “Não faça isso, porque eu posso me acostumar, disse Zeamérico...” (Anos mais tarde ouvi a repetição desse diálogo, na varanda da mansão do Cabo Branco).
Ao chegar ao Rio de Janeiro, sem ir a sua casa, onde residiam filha e netas, foi direto ao Jornal do Comércio e sem se anunciar empurrou a porta da sala do Superintendente e de dedo em riste foi dizendo: “Olhe aqui Sêo Chatô não pense em tomar a Rádio Tabajara. Ela é propriedade dos paraibanos, se tentar vai me ter pela frente...”
O todo poderoso Chateaubriand Bandeira de Mello, acostumado a ter tudo o que sonhava possuir cedeu, com mil desculpas, no entanto, solicitado o deputado Plínio Lemos ir ao Catete conversar com Álvaro Lins sobre a matéria, voltou com o expediente em mãos, que publicada a matéria no Diário Oficial de fevereiro de 1952, seria letra morta para a Paraíba.
Os dois grandes amores materializados de José Américo foram A UNIÃO, “minha escola de jornalismo, ou melhor de escritor...” como você declara no inicio de sua crônica – A UNIÃO 118 ANOS.
A derrubada do prédio onde funcionou “a primeira faculdade de jornalismo”, só o isentou da partida definitiva, porque teria outros sofrimentos a viver para sua purificção e entrar no Paraíso pela porta da frente.
A Rádio Tabajara foi sua outra paixão. No sábado à noite, que antecedeu sua morte a 10 de janeiro de 1980, ainda ouviu a “Hora da Saudade”. Só não permiti acompanhar o Jornal da Manhã para perturbar sua mansa despedida...
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