Por: Abelardo Jurema, jornalista, político e escritor paraibano. Ex-deputado
federal, senador e ministro de Estado. Membro da Academia Paraibana de Letras e
autor de Sexta-Feira, 13 (Rio de Janeiro, 19640. Abelardo Jurema dirigiu a
Tabajara de 1940 a 1945.
Era o governo de Argemiro, seu secretário, todo poderoso,
Raul de Góes. Foi inaugurada a Rádio Tabajara, que era subordinada ao
Departamento de Estatística e Publicidade, cujo diretor geral oficial era o Dr.
Raul de Góes, substituído interinamente pelo professor José Baptista de Mello.
O meu departamento era o de publicidade. E o velho engenheiro
Henrique Lucas, era o diretor técnico da Rádio Tabajara. O seu locutor-chefe,
Orlando Vasconcelos, voz de veludo e que não dava um erro nas programações em
que lia os meus comentários diários sobre a 2ª Guerra nos idos de 1939. Seu diretor
comercial era Ubaldo Chianca, cuja mulher Corina Chianca era a secretária da
Rádio Tabajara.
Na época os jovens Humberto Lucena e Fernando Milanez, eram
os locutores oficiais, em todas as solenidades.
A Rádio Tabajara marcou época na vida paraibana e trouxe do
sul vozes como a de Ciro Monteiro, a de Odete Amaral, a de Bidu Saião, Orlando
Silva e muitos outros astros da radiofonia brasileira.
No seu “cast” a Rádio Tabajara tinha Ivone Peixoto, Nelie de
Almeida, Jota Monteiro, Paschoal Carrilho, Cláudio de Luna Freire, juntando-se
a maravilhosa orquestra Tabajara, que fundada por Olegário de Luna Freire, teve
de substituí-lo com a sua morte, o grande maestro Severino Araújo. Este que
ainda hoje Aqui no Rio de Janeiro encanta grandes platéias com um repertório variadíssimo
e que se rivaliza com as composições de Beny Goodman, Ray Conniff, Glen Muller,
projetando a Paraíba musical.
No governo Ruy Carneiro, quando assumi a direção do
Departamento de Educação, que se fundiu com a Rádio Tabajara, transformando-se
em departamento de Educação e Radiodifusão, procedi a uma reforma ampla de todo
o prédio, das suas instalações técnicas ao seu auditório e a ampliação de sua
potência.
Na inauguração das novas instalações, contei com a presença
de toda a Rádio Clube de Pernambuco – a voz radiofônica mais antiga do Nordeste
brasileiro – chefiadaa embaixada pelo grande locutor Abílio de Castro que deu
impulso à Radiodifusão Paraibana.
Um dos aspectos mais interessantes, desde as instalações da
Rádio Tabajara, no governo Argemiro de Figueiredo, no governo de Ruy Carneiro
foi a obrigatoriedade de todos os prefeitos instalarem nas suas praças
principais serviços de auto-falantes para a transmissão diária, a partir das 19
horas, de noticiário oficial do estado em em seguida da “Hora do Brasil”.
Toda a Paraíba sabia do que acontecia no país e as praças dos
municípios se enchiam com um grande público ávido de notícias, que acompanhava
as modificações estruturais da Naão e até mesmo a sua agitação política.
É por isto que o coronel Boaventura, aqui presente, dizia-me:
tem razão a Paraíba de apresentar alto grau de politização, porque governadores
como Ruy Carneiro e Argemiro de Figueiredo, deram meios para ela viver
politicamente em dia com o que se passava no país.
Daí para surgir um José Américo foi um pulo.
Texto reproduzido no livro Tabajara – 65 anos – a Rádio da
Paraíba, 2002, João Pessoa, A União, organizado pelo editor deste blog e do www.radiotabajarapb.blogspot.com
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