quarta-feira, 24 de abril de 2013

A radiofonia paraibana de Argemiro a Ruy Carneiro





Por: Abelardo Jurema, jornalista, político e escritor paraibano. Ex-deputado federal, senador e ministro de Estado. Membro da Academia Paraibana de Letras e autor de Sexta-Feira, 13 (Rio de Janeiro, 19640. Abelardo Jurema dirigiu a Tabajara de 1940 a 1945.

Era o governo de Argemiro, seu secretário, todo poderoso, Raul de Góes. Foi inaugurada a Rádio Tabajara, que era subordinada ao Departamento de Estatística e Publicidade, cujo diretor geral oficial era o Dr. Raul de Góes, substituído interinamente pelo professor José Baptista de Mello.

O meu departamento era o de publicidade. E o velho engenheiro Henrique Lucas, era o diretor técnico da Rádio Tabajara. O seu locutor-chefe, Orlando Vasconcelos, voz de veludo e que não dava um erro nas programações em que lia os meus comentários diários sobre a 2ª Guerra nos idos de 1939. Seu diretor comercial era Ubaldo Chianca, cuja mulher Corina Chianca era a secretária da Rádio Tabajara.
Na época os jovens Humberto Lucena e Fernando Milanez, eram os locutores oficiais, em todas as solenidades.
A Rádio Tabajara marcou época na vida paraibana e trouxe do sul vozes como a de Ciro Monteiro, a de Odete Amaral, a de Bidu Saião, Orlando Silva e muitos outros astros da radiofonia brasileira.
No seu “cast” a Rádio Tabajara tinha Ivone Peixoto, Nelie de Almeida, Jota Monteiro, Paschoal Carrilho, Cláudio de Luna Freire, juntando-se a maravilhosa orquestra Tabajara, que fundada por Olegário de Luna Freire, teve de substituí-lo com a sua morte, o grande maestro Severino Araújo. Este que ainda hoje Aqui no Rio de Janeiro encanta grandes platéias com um repertório variadíssimo e que se rivaliza com as composições de Beny Goodman, Ray Conniff, Glen Muller, projetando a Paraíba musical.
No governo Ruy Carneiro, quando assumi a direção do Departamento de Educação, que se fundiu com a Rádio Tabajara, transformando-se em departamento de Educação e Radiodifusão, procedi a uma reforma ampla de todo o prédio, das suas instalações técnicas ao seu auditório e a ampliação de sua potência.
Na inauguração das novas instalações, contei com a presença de toda a Rádio Clube de Pernambuco – a voz radiofônica mais antiga do Nordeste brasileiro – chefiadaa embaixada pelo grande locutor Abílio de Castro que deu impulso à Radiodifusão Paraibana.
Um dos aspectos mais interessantes, desde as instalações da Rádio Tabajara, no governo Argemiro de Figueiredo, no governo de Ruy Carneiro foi a obrigatoriedade de todos os prefeitos instalarem nas suas praças principais serviços de auto-falantes para a transmissão diária, a partir das 19 horas, de noticiário oficial do estado em em seguida da “Hora do Brasil”.
Toda a Paraíba sabia do que acontecia no país e as praças dos municípios se enchiam com um grande público ávido de notícias, que acompanhava as modificações estruturais da Naão e até mesmo a sua agitação política.
É por isto que o coronel Boaventura, aqui presente, dizia-me: tem razão a Paraíba de apresentar alto grau de politização, porque governadores como Ruy Carneiro e Argemiro de Figueiredo, deram meios para ela viver politicamente em dia com o que se passava no país.
Daí para surgir um José Américo foi um pulo.

Texto reproduzido no livro Tabajara – 65 anos – a Rádio da Paraíba, 2002, João Pessoa, A União, organizado pelo editor deste blog e do www.radiotabajarapb.blogspot.com

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