sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Sobre o Radioteatro da Tabajara


A Rádio Tabajara AM completa hoje 76 anos de fundação. Veja excelente artigo de H. Dias

                               H. Dias de Barros
                               Ex-radialista e professor universitário
                               heronides.dias@terra.com.br

Nos anos cinqüenta do século passado a radiofonia brasileira vivia  o seu apogeu. Aqui na Paraíba não era diferente. Campina Grande com a Rádio Borborema e João Pessoa com a Rádio Tabajara despontavam com o que havia de melhor em locutores, cantores, radioatores, músicos, novelas, programas de auditório, noticiários e diversas outras atrações artísticas, culturais e esportivas. Na Tabajara, o radioteatro era um dos setores mais avançados: apresentava novelas de autores nacionais consagrados, novelas semanais escritas por autores locais, radiofonização de contos clássicos da literatura brasileira e programas montados apresentados ao vivo, em pleno auditório da emissora ou no Teatro Santa Roza,  contando com a participação de locutores, cantores, radioatores, orquestra, regional etc. “Um Lírio na Correnteza” e “Um Demônio em Minha Vida” foram duas novelas de grande sucesso. A  primeira apresentada no horário da manhã, às 10:00 h e a outra à noite a partir das 20:00 h. 

O Departamento de Radioteatro era dirigido ora por George Matos ora por Linduarte Noronha, dois nomes importantes na rádio Tabajara. O George Matos por ser portador de um embaraço fônico, não  era usuário do microfone – administrava tudo que dizia respeito às atividades artísticas, escrevia programas e colaborava na direção geral e na parte comercial da emissora. O Linduarte tocava os sete instrumentos – era bom locutor, tinha voz bonita e bem impostada. Elaborava textos, lia crônicas, dirigia e escrevia novelas, radiofonizava contos e atuava como radioator. Gostava do trabalho artístico-cultural, era estudioso e esmerava-se em tudo que fazia. Era homem simples, comunicativo e muito respeitado no seu trabalho. Além da Tabajara, teve passagens marcantes na Rádio Arapuã e nas emissoras recifenses Tamandaré e Jornal do Commércio.
O Rádioteatro levou ao ar excelentes programas montados como a série “Reportagens Musicais”, escrita e dirigida por Jurandir Barroso e participação de grande elenco, incluindo orquestra, cantores, locutores e radioatores. Este programa era apresentado nas noites de quinta feira, tinha duração de uma hora e abordava assuntos como: Historia da Paraíba, vida e feitos de alguns paraibanos ilustres, origem e evolução do samba, histórias da música popular brasileira etc.
 Outro programa de muita audiência era um produzido por Luís Vilar intitulado “Histórias de Pai João”. Ia ao ar todo domingo pela manhã, transmitia histórias infantis e era recordista no recebimento de cartas elogiosas.
 Além dos artistas citados, despontavam ainda naquele departamento os radioatores e radioatrizes: Genildo Gomes, Valdês Juval, Luís Vilar, Herón Dias, Ruy Eloy, Norma Tabila, Sandra Mara, Nícia Neide, Nautília Mendonça, Pereira Nascimento, Valderedo Paiva, Ednaldo do Egito,  e outros cuja memória infelizmente me escapa.
            A partir de 1964, com as modificações políticas havidas no país e com a crescente evolução da televisão, a historia da radiodifusão sofreu grande redução em seus quadros: eliminando programas de auditório, orquestras, cast de cantores e radioatores, e enxugamento em quase todos os seus departamentos. Foi vítima dessas indesejáveis inovações que o famoso radioteatro da Tabajara foi literalmente para o ar. Sucumbiu.  

Nenhum comentário:

Postar um comentário