A Rádio Tabajara AM completa hoje 76 anos de fundação. Veja excelente artigo de H. Dias
H. Dias de Barros
Ex-radialista e professor
universitário
heronides.dias@terra.com.br
Nos anos
cinqüenta do século passado a radiofonia brasileira vivia o seu apogeu. Aqui na Paraíba não era
diferente. Campina Grande com a Rádio Borborema e João Pessoa com a Rádio
Tabajara despontavam com o que havia de melhor em locutores, cantores,
radioatores, músicos, novelas, programas de auditório, noticiários e diversas
outras atrações artísticas, culturais e esportivas. Na Tabajara, o radioteatro
era um dos setores mais avançados: apresentava novelas de autores nacionais
consagrados, novelas semanais escritas por autores locais, radiofonização de
contos clássicos da literatura brasileira e programas montados apresentados ao
vivo, em pleno auditório da emissora ou no Teatro Santa Roza, contando com a participação de locutores, cantores,
radioatores, orquestra, regional etc. “Um Lírio na Correnteza” e “Um Demônio em
Minha Vida” foram duas novelas de grande sucesso. A primeira apresentada no horário da manhã, às
10:00 h e a outra à noite a partir das 20:00 h.
O Departamento de Radioteatro
era dirigido ora por George Matos ora por Linduarte Noronha, dois nomes
importantes na rádio Tabajara. O George Matos por ser portador de um embaraço
fônico, não era usuário do microfone –
administrava tudo que dizia respeito às atividades artísticas, escrevia
programas e colaborava na direção geral e na parte comercial da emissora. O
Linduarte tocava os sete instrumentos – era bom locutor, tinha voz bonita e bem
impostada. Elaborava textos, lia crônicas, dirigia e escrevia novelas,
radiofonizava contos e atuava como radioator. Gostava do trabalho artístico-cultural,
era estudioso e esmerava-se em tudo que fazia. Era homem simples, comunicativo
e muito respeitado no seu trabalho. Além da Tabajara, teve passagens marcantes
na Rádio Arapuã e nas emissoras recifenses Tamandaré e Jornal do Commércio.
O Rádioteatro
levou ao ar excelentes programas montados como a série “Reportagens Musicais”,
escrita e dirigida por Jurandir Barroso e participação de grande elenco,
incluindo orquestra, cantores, locutores e radioatores. Este programa era
apresentado nas noites de quinta feira, tinha duração de uma hora e abordava
assuntos como: Historia da Paraíba, vida e feitos de alguns paraibanos ilustres,
origem e evolução do samba, histórias da música popular brasileira etc.
Outro programa de muita audiência era um
produzido por Luís Vilar intitulado “Histórias de Pai João”. Ia ao ar todo
domingo pela manhã, transmitia histórias infantis e era recordista no
recebimento de cartas elogiosas.
Além dos artistas citados, despontavam ainda
naquele departamento os radioatores e radioatrizes: Genildo Gomes, Valdês
Juval, Luís Vilar, Herón Dias, Ruy Eloy, Norma Tabila, Sandra Mara, Nícia
Neide, Nautília Mendonça, Pereira Nascimento, Valderedo Paiva, Ednaldo do Egito,
e outros cuja memória infelizmente me
escapa.
A
partir de 1964, com as modificações políticas havidas no país e com a crescente
evolução da televisão, a historia da radiodifusão sofreu grande redução em seus
quadros: eliminando programas de auditório, orquestras, cast de cantores e
radioatores, e enxugamento em quase todos os seus departamentos. Foi vítima
dessas indesejáveis inovações que o famoso radioteatro da Tabajara foi
literalmente para o ar. Sucumbiu.
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