Memória Radiofônica - Quando eu trabalhava no projeto do livro Tabajara - 65 anos - A Rádio da Paraíba, obra publicada em 2002 e ainda à venda no mercado, gravei diversas entrevistas com grandes nomes do rádio. Estou digitalizando esses áudios que fazem parte da história da radiofonia paraibana. Vou selecionar alguns trechos e postar neste blog.
Temos entrevista com o maestro Severino Araújo, da Orquestra Tabajara, gravada em João Pessoa em 1995. Vamos disponibilizar trechos de entrevistas com Ana Paula, Mércia Paiva, Zé Pequeno, Marlene Freire, Walter Lins, Walter Cartaxo, Airton José, Spencer Hartman, Francisco Ramalho, Ivan Bezerra, Geraldo Cavalcanti e diversos outros nomes que, ao microfone, escreveram e escrevem a história da mais antiga emissora de rádio da Paraíba e uma das 100 mais antigas do Brasil.
A primeira entrevista que você pode ouvir a partir deste 3 de novembro de 2011 é a que fiz com Geraldo Cavalcanti em 29 de julho de 1996, na Rádio Tabajara, na companhia de Abelardo Marinho de Menezes, considerado um grande conhecedor da história da Tabajara, a antiga PRI-4. São 60 minutos de memória da radiofonia paraibana. Geraldo faleceu este ano.
Clique aqui e confira o áudio
quinta-feira, 13 de outubro de 2011
quinta-feira, 6 de outubro de 2011
Dupla de repentistas Paulo Cruz e Manoel Alves comanda programa vespertino da Rádio Tabajara
Cânticos da Natureza
Objetivo é divulgar as expressões artísticas populares do Nordeste brasileiro
Vanessa Furtado
Vanessafurtado.jp@gmail.com
foto: Evandro Pereira/A União
Improvisação, espontaneidade, inspiração. Dominando essas características de forma singular, os repentistas ou cantadores de viola mantém-se como as figuras mais populares do Nordeste brasileiro. A capacidade de arranjar com rapidez os mais diversos temas (amor, saudade, sertão, descrições, críticas políticas), em frases harmônicas e ao som da viola, conquista públicos de todas as idades e mantém acesa a chama da cultura popular.
Não se pode precisar exatamente quando surgiram, mas pesquisadores revelam que a partir do século 19 é possível encontrar ricos registros dessa modalidade cultural. Transmitido em geral pelas relações de “hereditariedade” ou adquiridos a partir do autoaprendizado de jovens sertanejos, o repente mantém a dinâmica do “desafio” como incentivo.
Para manter a tradição do repente, a Rádio Tabajara 1110 AM dedica uma hora de sua programação, de segunda a sexta-feira, a artistas que cantam a Paraíba. Apresentado por Paulo Cruz e Manoel Alves, o programa Cânticos da Natureza vai ao ar das 17h às 18h e mescla repente, forró e as mais diversas expressões artísticas populares nordestinas.
“O programa estreou em 13 de julho e tem sido um sucesso. Assim como as notícias há tempos atrás eram passadas através das cantorias pelo rádio, nós comandamos um ambiente onde a poesia popular é respeitada e produzida com entusiasmo”, explicou Paulo Cruz. Poeta popular há mais de 20 anos, Paulo Cruz se uniu ao mestre Manoel Alves que há mais de 30 anos vive do encantamento que seus versos trazem às pessoas e juntos se destacam no cenário paraibano. “Cada um seguiu seus próprios caminhos e se firmou de uma maneira. Agora nos unimos e, improvisando, vamos alcançar novos objetivos e levar as canções populares para os mais diferentes locais em toda a Paraíba”, disse Manoel.
HISTÓRIAS - Ainda criança, no município de Guarabira, Manoel Alves começou a escrever versos para apresentar em datas comemorativas, como Dia das Mães e Dia do Professor, e os cantava do mesmo modo que ouvia no radinho de pilha de sua casa. Quando o pai, Lourival Alves, lhe presenteou com um violão, Manoel sentiu que o seu sustento partiria do som daquelas cordas.
“A partir daí comecei a aprender a afinar e tocar o violão e a me entrosar com poetas já conhecidos no Brejo do estado”, explica. Em pouco tempo, o jovem que antes frequentava as feiras livres para presenciar a construção dos versos, passou a se apresentar em bares, casas de cantoria popular e festivais.
Destacando-se pela sutileza dos seus versos, o poder de seus improvisos e pela multiplicidade temática, Manoel participou de festivais em diversas cidades do Brasil, obtendo importantes prêmios. “Os mais importantes festivais acontecem no Nordeste, em especial na Paraíba e Pernambuco, e sempre obtenho bons resultados neles. Participei ainda de festivais no Maranhão, Pará e Rio de Janeiro, concorrendo com os melhores repentistas do país”, revelou.
Com Paulo da Cruz, a história é diferente. Apesar do gosto pela cultura popular ele confessou que o repente não lhe agradava. “Eu gostava de música, mas não das rimas. Apesar disso meu pai fez um violão e, quando me mudei de Cajazeiras, onde nasci, para Campina Grande, passei a conhecer o universo dos cantadores e a aprender com eles”, lembrou.
Apesar de profissionalizar-se e de participar de diversos festivais em cidades do interior da Paraíba e de se apresentar em festas, Paulo resolveu ir para São Paulo (SP) em busca de melhores condições. “Trabalhei em uma indústria de descartáveis e fui segurança noturno em uma metalúrgica. Logo que consegui recursos para retornar à Paraíba e construir meu lar eu voltei e pude tornar a viver do que amo e sei fazer de melhor que são as canções populares”, ressaltou.
DESAFIOS - Criado com o objetivo de vencer duelos, o repente muitas vezes era visto como um semeador da discórdia. Mas isso começou a mudar a partir da década de 1960, quando os cantadores criaram outra ética para sua arte e passaram a se apresentar em duplas, complementando e inovando as rimas.
“Atualmente nosso maior desafio é improvisar sobre os mais diversos temas e com conhecimento de causa. O público é cada vez mais distinto e ao mesmo tempo homogêneo. Precisamos realizar bonitas construções sobre assuntos cada vez mais complexos, mas estamos conseguindo”, contou Paulo Cruz.
A parceria trouxe melhores resultados que as disputas, uma vez que novos palcos para as cantorias populares têm surgido, a exemplo dos programas de rádio e televisão dedicados exclusivamente a eles. Isso possibilita que o público conheça o trabalho dos repentistas seja no interior ou nos centros urbanos. É a união entre o talento e as relações de amizade mantendo vivas as expressões culturais do povo nordestino.
Objetivo é divulgar as expressões artísticas populares do Nordeste brasileiro
Vanessa Furtado
Vanessafurtado.jp@gmail.com
foto: Evandro Pereira/A União
Improvisação, espontaneidade, inspiração. Dominando essas características de forma singular, os repentistas ou cantadores de viola mantém-se como as figuras mais populares do Nordeste brasileiro. A capacidade de arranjar com rapidez os mais diversos temas (amor, saudade, sertão, descrições, críticas políticas), em frases harmônicas e ao som da viola, conquista públicos de todas as idades e mantém acesa a chama da cultura popular.
Não se pode precisar exatamente quando surgiram, mas pesquisadores revelam que a partir do século 19 é possível encontrar ricos registros dessa modalidade cultural. Transmitido em geral pelas relações de “hereditariedade” ou adquiridos a partir do autoaprendizado de jovens sertanejos, o repente mantém a dinâmica do “desafio” como incentivo.
Para manter a tradição do repente, a Rádio Tabajara 1110 AM dedica uma hora de sua programação, de segunda a sexta-feira, a artistas que cantam a Paraíba. Apresentado por Paulo Cruz e Manoel Alves, o programa Cânticos da Natureza vai ao ar das 17h às 18h e mescla repente, forró e as mais diversas expressões artísticas populares nordestinas.
“O programa estreou em 13 de julho e tem sido um sucesso. Assim como as notícias há tempos atrás eram passadas através das cantorias pelo rádio, nós comandamos um ambiente onde a poesia popular é respeitada e produzida com entusiasmo”, explicou Paulo Cruz. Poeta popular há mais de 20 anos, Paulo Cruz se uniu ao mestre Manoel Alves que há mais de 30 anos vive do encantamento que seus versos trazem às pessoas e juntos se destacam no cenário paraibano. “Cada um seguiu seus próprios caminhos e se firmou de uma maneira. Agora nos unimos e, improvisando, vamos alcançar novos objetivos e levar as canções populares para os mais diferentes locais em toda a Paraíba”, disse Manoel.
HISTÓRIAS - Ainda criança, no município de Guarabira, Manoel Alves começou a escrever versos para apresentar em datas comemorativas, como Dia das Mães e Dia do Professor, e os cantava do mesmo modo que ouvia no radinho de pilha de sua casa. Quando o pai, Lourival Alves, lhe presenteou com um violão, Manoel sentiu que o seu sustento partiria do som daquelas cordas.
“A partir daí comecei a aprender a afinar e tocar o violão e a me entrosar com poetas já conhecidos no Brejo do estado”, explica. Em pouco tempo, o jovem que antes frequentava as feiras livres para presenciar a construção dos versos, passou a se apresentar em bares, casas de cantoria popular e festivais.
Destacando-se pela sutileza dos seus versos, o poder de seus improvisos e pela multiplicidade temática, Manoel participou de festivais em diversas cidades do Brasil, obtendo importantes prêmios. “Os mais importantes festivais acontecem no Nordeste, em especial na Paraíba e Pernambuco, e sempre obtenho bons resultados neles. Participei ainda de festivais no Maranhão, Pará e Rio de Janeiro, concorrendo com os melhores repentistas do país”, revelou.
Com Paulo da Cruz, a história é diferente. Apesar do gosto pela cultura popular ele confessou que o repente não lhe agradava. “Eu gostava de música, mas não das rimas. Apesar disso meu pai fez um violão e, quando me mudei de Cajazeiras, onde nasci, para Campina Grande, passei a conhecer o universo dos cantadores e a aprender com eles”, lembrou.
Apesar de profissionalizar-se e de participar de diversos festivais em cidades do interior da Paraíba e de se apresentar em festas, Paulo resolveu ir para São Paulo (SP) em busca de melhores condições. “Trabalhei em uma indústria de descartáveis e fui segurança noturno em uma metalúrgica. Logo que consegui recursos para retornar à Paraíba e construir meu lar eu voltei e pude tornar a viver do que amo e sei fazer de melhor que são as canções populares”, ressaltou.
DESAFIOS - Criado com o objetivo de vencer duelos, o repente muitas vezes era visto como um semeador da discórdia. Mas isso começou a mudar a partir da década de 1960, quando os cantadores criaram outra ética para sua arte e passaram a se apresentar em duplas, complementando e inovando as rimas.
“Atualmente nosso maior desafio é improvisar sobre os mais diversos temas e com conhecimento de causa. O público é cada vez mais distinto e ao mesmo tempo homogêneo. Precisamos realizar bonitas construções sobre assuntos cada vez mais complexos, mas estamos conseguindo”, contou Paulo Cruz.
A parceria trouxe melhores resultados que as disputas, uma vez que novos palcos para as cantorias populares têm surgido, a exemplo dos programas de rádio e televisão dedicados exclusivamente a eles. Isso possibilita que o público conheça o trabalho dos repentistas seja no interior ou nos centros urbanos. É a união entre o talento e as relações de amizade mantendo vivas as expressões culturais do povo nordestino.
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