Jornalista
Num tempo em que brilhavam, pelo microfone da PRI-4, Rádio Tabajara da Paraíba, as vozes respeitadas e aplaudidas de Nelie de Almeida, Ruy Bezerra, Ruy de Assis e Teones Barbosa – dentre outras, o aparecimento daquele conjunto de 4 adolescentes foi um fato inusitado e surpreendente. Suas primeiras apresentações aconteceram – como sói acontecer – em programas de calouros, atração radiofônica logo depois copiada pela televisão. Se não falha a memória, coube a Gilberto Patrício (ou terá sido Pascoal Carrilho?), pela vez primeira, anunciar no palco-auditório da emissora da rua da Palmeira, Os Tabajaras do Ritmo.
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Nascidos Nunes de Brito, todos com nome começado com W, pensava-se que ali estavam jovens vindos de família de músicos profissionais – como era comum à época. Lembre-se Pery Ribeiro (nascido de Herivelto Martins e Dalva de Oliveira), Paulinho da Viola ou Edu Lobo, todos com genética musical autêntica. Mas, o quê? O pai, oficial da Polícia Militar, não participava sequer da Banda de Música da corporação, quando muito arranhava um violãozinho, de leve.
Walderedo, Wilmar, Waldenice e Waldenira – esses os nomes dos adolescentes que resolveram ir à luta e, dos primeiros sucessos nas calouradas, conseguiram nos anos 50 e 60 do século passado, formar um dos melhores conjuntos vocais que a Paraíba já produziu. Suas apresentações que, aos poucos, foram saindo de João Pessoa e dos limites da Paraíba, proporcionaram ao quarteto aplausos dos mais merecidos em todos os palcos por onde andaram, aqui e alhures.
Fazia gosto ouvi-los, afinados, bem treinados na voz e no conjunto, eles mesmos se acompanhando nos instrumentos musicais que dominavam com rara eficiência. Era, por assim dizer, presença obrigatória em todos os festivais de música que, naquele tempo, aconteceram em todo o nordeste. Na Festa das Neves, na Feira da Mocidade, no Recife, em Salvador e até em palcos do Rio de Janeiro, os Tabajaras do Ritmo se constituíram num dos melhores trunfos que a música paraibana já exportou, em todos os tempos.
Naquele tempo não havia CD e até para gravar um LP (long-playing, para que não conhece) era preciso ter patrocínio. Quando muito a Rozemblit, do Recife, dava chance a artistas regionais e os Tabajaras do Ritmo gravaram e conseguiram até vender discos – o que foi uma inominável proeza.
Ficaram na minha memória momentos inesquecíveis de enlevo e de sensibilidade quando ouvia os Tabajaras do Ritmo com atenção, com respeito e com a certeza de que aquelas músicas, escolhidas não por acaso, eram a melhor representação do que o Brasil mostrava na sua criatividade musical sem limites, principalmente nas canções de Tom Jobim, Lupiscínio Rodrigues, Cartola, Nelson Cavaquinho, Orestes Barbosa, Herivelto Martins, Jacob do Bandolim e tantos outros – ícones da um passado musical brasileiro inolvidável.
Hoje, depois de tanto tempo em que o conjunto foi desfeito, cada um deles seguindo seu caminho em busca de profissões mais rentáveis, alegra-me escrever esta crônica ao som de um CD, gravado de forma amadorista, de uma descendente direta do conjunto: agora, aqui, no recôndito do meu estúdio, alimenta-me a sensibilidade e acrescenta-se à minha emoção, a voz doce e terna desta bela e jovem cantora: Lívia Nunes, filha da Waldenice – autêntica herdeira musical dos Tabajaras do Ritmo.
Com ela, certamente, a bela história do magnífico conjunto dos anos 60, continua. Se vai ter o mesmo brilho de sua mãe e dos seus tios, só o futuro vai dizer.
Foto: Tabajaras do Ritmo, reprodução do livro Rádio Tabajara, de Lourdinha Luna
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Nascidos Nunes de Brito, todos com nome começado com W, pensava-se que ali estavam jovens vindos de família de músicos profissionais – como era comum à época. Lembre-se Pery Ribeiro (nascido de Herivelto Martins e Dalva de Oliveira), Paulinho da Viola ou Edu Lobo, todos com genética musical autêntica. Mas, o quê? O pai, oficial da Polícia Militar, não participava sequer da Banda de Música da corporação, quando muito arranhava um violãozinho, de leve.
Walderedo, Wilmar, Waldenice e Waldenira – esses os nomes dos adolescentes que resolveram ir à luta e, dos primeiros sucessos nas calouradas, conseguiram nos anos 50 e 60 do século passado, formar um dos melhores conjuntos vocais que a Paraíba já produziu. Suas apresentações que, aos poucos, foram saindo de João Pessoa e dos limites da Paraíba, proporcionaram ao quarteto aplausos dos mais merecidos em todos os palcos por onde andaram, aqui e alhures.
Fazia gosto ouvi-los, afinados, bem treinados na voz e no conjunto, eles mesmos se acompanhando nos instrumentos musicais que dominavam com rara eficiência. Era, por assim dizer, presença obrigatória em todos os festivais de música que, naquele tempo, aconteceram em todo o nordeste. Na Festa das Neves, na Feira da Mocidade, no Recife, em Salvador e até em palcos do Rio de Janeiro, os Tabajaras do Ritmo se constituíram num dos melhores trunfos que a música paraibana já exportou, em todos os tempos.
Naquele tempo não havia CD e até para gravar um LP (long-playing, para que não conhece) era preciso ter patrocínio. Quando muito a Rozemblit, do Recife, dava chance a artistas regionais e os Tabajaras do Ritmo gravaram e conseguiram até vender discos – o que foi uma inominável proeza.
Ficaram na minha memória momentos inesquecíveis de enlevo e de sensibilidade quando ouvia os Tabajaras do Ritmo com atenção, com respeito e com a certeza de que aquelas músicas, escolhidas não por acaso, eram a melhor representação do que o Brasil mostrava na sua criatividade musical sem limites, principalmente nas canções de Tom Jobim, Lupiscínio Rodrigues, Cartola, Nelson Cavaquinho, Orestes Barbosa, Herivelto Martins, Jacob do Bandolim e tantos outros – ícones da um passado musical brasileiro inolvidável.
Hoje, depois de tanto tempo em que o conjunto foi desfeito, cada um deles seguindo seu caminho em busca de profissões mais rentáveis, alegra-me escrever esta crônica ao som de um CD, gravado de forma amadorista, de uma descendente direta do conjunto: agora, aqui, no recôndito do meu estúdio, alimenta-me a sensibilidade e acrescenta-se à minha emoção, a voz doce e terna desta bela e jovem cantora: Lívia Nunes, filha da Waldenice – autêntica herdeira musical dos Tabajaras do Ritmo.
Com ela, certamente, a bela história do magnífico conjunto dos anos 60, continua. Se vai ter o mesmo brilho de sua mãe e dos seus tios, só o futuro vai dizer.
Foto: Tabajaras do Ritmo, reprodução do livro Rádio Tabajara, de Lourdinha Luna
Prezados,
ResponderExcluirSou filha de Valdenira (a mais nova do Tabajaras do Ritmo). Gostaria imensamente de ter acesso a alguma gravação ou recordação da época do conjunto. Vocês dispõem de algo?
Tenho 79 anos,sempre admirei esse conjunto.Depois de certo tempo por felicidade minha cheguei trabalhar na Secretaria de Educação e Cultura,anos70.Desejo muito saber noticia de valdenice nunes
ResponderExcluir.
Boa noite. Sou Neto de Waldenice. Infelizmente ela veio a falecer no ano de 2014, vítima de uma infecção generalizada. Obg pelo carinho.
ExcluirComo falei acima por felicidade minha cheguei a ser colega de trabalho na enta época dos anos 70
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