quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

A Orquestra Tabajara


Por: Carlos Pereira                                                                          
           
            Dizem que um dia em Itabaiana, terra também de Sivuca, Severino Araújo juntou uns amigos que gostavam de música e ensaiou os primeiros acordes do conjunto no coreto da praça. De lá saiu para uma apresentação no auditório da Rádio Clube de Pernambuco, num tempo em que as orquestras se apresentavam ao vivo e eram muito requisitadas para todo tipo de festa – batizado, formatura, casamento, reveillon, Reis, São João e até a Festa das Neves. Naquele palco na rua do Lima ganhou os primeiros aplausos, mas não os primeiros dinheiros. Estes ele só veio a tê-los quando a PRI-4 resolveu apresentar o conjunto como a Orquestra Tabajara da Paraíba do maestro Severino Araújo, no final dos anos quarenta, se a memória não falha.
             Apresentação em 7 de agosto de 1999, na inauguração da Tabajara FM

Suas primeiras exibições foram de dar água na boca. Tinha um repertório variado que ia de “Fascinação” ao “Besa-me mucho”, passando por “Begin the beguine”, “As time goes by” e “Aquarela do Brasil”, sem esquecer o “Meu Sublime Torrão” que pintava como hino da cidade, preferido da maioria dos pessoenses.
            De início aparecia nos programas de auditório da emissora oficial, junto com Nelie Almeida, Ruy de Assis e Ruy Bezerra, antes do “debut” dos Tabajaras do Ritmo, conjunto coral dos Nunes de Brito que fez furor nos anos cinqüenta. E, em cada apresentação, a orquestra era saudada com mais entusiasmo pelos aficionados da boa música que, naquela altura do campeonato, já sabiam ser muito difícil a sua permanência na terrinha.
            E foi o que realmente aconteceu, para tristeza dos fãs daquele afinado conjunto de orquestra e coro (os músicos também cantavam). Não acabou a década de 50 e a nossa Tabajara já andava pelo Rio de Janeiro tocando no auditório da Rádio Nacional e incursionava, pioneiramente, na televisão brasileira então nos seus primeiros tempos.
            E o sucesso foi tão grande que ela demorou a voltar a João Pessoa. E, quando o fez (lembro bem) foi numa noitada de festa no antigo Cabo Branco, ali na Primeiro de Maio, em Jaguaribe, pouco tempo depois da exibição da festejada e internacional orquestra de Tommy Dorsey que excursionava pelo nordeste do Brasil. E, eu não, que não era conhecedor mais atento de música, mas os experts foram unânimes em reconhecer que Severino Araújo estava bem próximo do virtuosismo do famoso maestro americano e que a sua orquestra viria a ser uma das melhores do país.
            E foi exatamente o que veio a suceder, numa saga que misturou luta, denodo, sucesso e glória. O Severino Araújo, simples como ele só, nos anos seguintes recebeu aplausos do público e da crítica, em  recitais que marcaram época e que o transformaram num dos mais premiados maestros do Brasil.
            Agora,  ao escrever sobre a Orquestra Tabajara, pago uma dívida contraída comigo mesmo e  o faço ouvindo o último CD do sempre magnífico conjunto – o Tabajara Plays Jobim, e dele destaco a faixa 11, música de Antônio Carlos  Jobim com letra magistral do inspirado  Chico Buarque,  escrita para  nos falar dos inesquecíveis “anos dourados”.

                                                                                                                    

Um comentário:

  1. Meu querido Carlos, em seu texto existem algumas incorreções. Recomendo-lhe a leitura do livro "ORQUESTRA TABAJARA DE SEVERINO ARAÚJO - A VIDA MUSICAL DA ETERNA BIG BAND BRASILEIRA". O autor Carlos Coraúcci é preciso na escrita. O livro foi indicado ao premio Jabuti de literatura no ano de 2010.
    Grande abraço.

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